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A saudade de ‘Malhação’ e o legado para novos talentos

  • Foto do escritor: Natália  Rocha
    Natália Rocha
  • 28 de abr.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 8 de mai.

Encerrada em 2021, a produção ainda provoca reflexões sobre seu legado na teledramaturgia

Logo da novela/série 'Malhação'
Foto: Divulgação/Globo

A ‘Malhação’ é uma mistura de novela/série que fez parte da vida de muitas pessoas: jovens que hoje já são adultos e lembram com carinho dos momentos em que viam a produção e também dos adultos que esperavam pela novela das seis, e enquanto ela não começava, davam uma espiada.


A faixa dedicada à ‘Malhação’ foi encerrada em setembro de 2021, decisão tomada durante o período de isolamento por conta da pandemia de Covid-19. ‘Malhação: Toda Forma de Amar’ foi a 27ª temporada inédita a ser exibida, entre 2019 e 2020. Depois disso, a faixa foi dedicada à reprises de outras temporadas até o momento de seu encerramento.

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Tweet que inspirou e me guiou para o desenvolvimento desse texto.

A produção, criada em 1995 por Andréa Maltarolli e Emanuel Jacobina, foi pensada para ser um seriado adolescente e a inspiração foi o seriado ‘Confissões de Adolescente’ (1994-1996) na TV Cultura, que conseguiu dialogar com o público jovem de forma direta e sem didatismo. No entanto, o diferencial da ‘Malhação’ foi a criação de histórias leves e evitar temáticas controversas, assim poderia se adequar a outros públicos.


Começou em uma academia, o tempo passou e virou o colégio Múltipla Escolha e temporadas “temáticas”. Esse espaço era muito interessante para atores, desde os novatos e até os veteranos, que podiam ser vistos fazendo personagens diferentes do que o público estava acostumado. Para os autores, também era uma oportunidade de iniciar uma carreira na autoria de novelas, fazendo algumas temporadas e quem sabe, no futuro, ter a chance em outro horário. ‘Malhação’ era um espaço valioso para a descoberta e desenvolvimento de novos talentos da teledramaturgia brasileira.


O papel da ‘Malhação’ na formação de atores

A ‘Malhação’ era um espaço, uma oportunidade única para jovens atores e atrizes para ganhar experiência, atuar além de uma participação especial. Seja como protagonista, antagonista, coadjuvante; na trama principal ou paralela, participar de uma temporada era considerado uma “baita escola”. Para muitos, ali era o primeiro contato com a televisão.


Muitos nomes conhecidos do público começaram na ‘Malhação’ como André Marques, Priscila Fantin, Fernanda Vasconcellos, Sophie Charlotte, Bianca Bin e Humberto Carrão, são alguns exemplos de nomes que aproveitaram essa oportunidade.


Outro ponto interessante da produção era o fato de ter longa duração, ou seja, haviam temporadas com mais de 200 capítulos/episódios. A dinâmica de produção focava numa longa duração, havia diferentes núcleos e isso permitia um aprendizado contínuo para todos, seja para os autores que tinham o desafio de escrever sobre vários assuntos, quanto para os atores que gravavam muito.


A importância para os futuros atores

Desde 2021, não temos mais a ‘Malhação’ e isso vem sendo lamentado por uma parte do público que vê esse espaço como relevante para a formação de novos atores. O Globoplay, que poderia ser uma possibilidade para que o projeto não morresse, infelizmente nunca pensou nessa alternativa.


Nos últimos anos de sua existência, a ‘Malhação’ não tinha mais a dinâmica da academia ou do famoso Múltipla Escolha. A decisão foi por temporadas com um tema específico e as histórias eram desenvolvidas a partir disso. Não foram todas que fizeram um grande sucesso, a última que conseguiu revelar talentos e se tornar queridinha do público foi ‘Malhação: Viva a Diferença’ (2017), mais conhecida como a temporada das Five.


O sucesso foi tanto que as garotas ganharam um seriado no Globplay ‘As Five’ (2020-2024), um spin-off com 3 temporadas. Do grupo, Heslaine Vieira, Ana Hiraki, Daphne Bozaski, Gabriela Medvedovski tiveram oportunidades de atuar em outras novelas da casa. Manoela Aliperti foi a única do grupo que o público não viu mais na Globo após ‘Malhação’. Essa temporada de ‘Malhação’ foi tão elogiada e o trabalho de toda equipe foi de altíssima qualidade e a prova disso foi a vitória do Emmy Internacional como “Melhor Série” (2019).


‘Malhação: Toda Forma de Amar’ (2019) pode não ter sido um grande sucesso, por exemplo, mas revelou talentos que estamos acompanhando nas novelas nos últimos tempos como: Alanis Guillen (‘Pantanal’ e ‘Mania de Você’), Caroline Dallarosa ('Além da Ilusão'), Gabz que foi protagonista de ‘Mania de Você’ e a dupla Pedro Novaes e Duda Santos que são os protagonistas de ‘Garota do Momento’.


Os nomes e rostos que estamos assistindo passaram pela ‘Malhação’, ou seja, meio que fizeram um intensivão de atuação, aprenderam e toda a bagagem é relevante para a carreira. É isso que faz falta hoje para alguns atores e atrizes que muitas vezes são escolhidos por engajamento e outros fatores. Eles passam nos testes, sim, mas e depois? O desenrolar é composto por personagens e atuações que geram debates.


Aspectos valiosos de ‘Malhação’

O espaço da ‘Malhação’ teve muita importância para discussão de temas relevantes para o público jovem, era um lugar onde assuntos que impactam a vida de todos tinham lugar e vez.


Temas como: educação sexual, gravidez na adolescência, racismo, autismo, violência, uso de drogas, diversidade e inclusão, os dilemas da juventude, problemas sociais e políticos são alguns exemplos que foram abordados.


A abordagem de assuntos importantes, o impacto cultural ao longo dos anos e como criou-se uma conexão com a audiência fizeram ‘Malhação’ entrar para a história, gerando sempre uma nostalgia nas pessoas.


Esse celeiro de talentos tem feito falta na teledramaturgia e também nos faz refletir sobre a atuação dos futuros atores. Será que a ‘Malhação’ em pleno 2025 teria sentido no Globoplay ou será que ela foi uma ferramenta de formação e aprimoramento apenas no passado? Essa é uma dúvida que sempre fará parte do nosso imaginário, mas que provocará uma reflexão ao assistirmos à nova geração de atores em cena.
















© Copyright - Natália Rocha.

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