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Novas novelas, velhos conflitos: a repetição de tramas mostra falta de criatividade ou comodismo

  • Foto do escritor: Natália  Rocha
    Natália Rocha
  • 8 de mai. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 10 de mai.


As atrizes Sophie Charlotte e Regina Casé em cena na novela Todas as Flores
Maíra (Sophie Charlotte) e Zoé (Regina Casé) em 'Todas as Flores' | Foto: Reprodução/Globoplay

Que novela tem sido um produto muito consumido no streaming, isso não é uma novidade. Seja pelo Projeto Resgate no Globoplay que tem feito a alegria e surpreendido os noveleiros desde 2020, com as atuais novelas que ocupam a grade de programação da emissora e até o sucesso ‘Todas as Flores' (2022), o que não falta é opção para maratonar.


Essa diversidade é muito interessante para relembrar cenas inesquecíveis, conhecer pérolas do acervo da Globo ou para os mais exigentes, reclamar sempre de algum detalhe que não agrada.


Com horas e horas vendo novelas, é normal que algumas tramas possam se repetir, afinal, desde que o mundo é mundo as histórias se repetem. O diferencial sempre será a maneira como forma como o autor se inspira e agrega algo que só ele consegue para recontar essa história. Esse é um assunto, pode parecer que o tema é remakes, mas não, porque esse é um tema que rende tanto a ponto de agradar gregos e troianos.


Para quem acompanha todas as atuais novelas da Globo: ‘Amor Perfeito’ às seis, ‘Vai Na Fé’ às sete, ‘Travessia’ às nove e ‘Todas as Flores’ no Globoplay deve ter percebido uma repetição de conflito nesses folhetins: a busca por um familiar e a sede de vingança.


Em ‘Amor Perfeito’ temos o menino Marcelino (Levi Asaf) desejando reencontrar a mãe e temos Marê (Camila Queiroz) em busca de justiça, de se vingar de sua madrasta Gilda (Mariana Ximenes) que a fez ser presa injustamente.


As sete temos a elogiadíssima ‘Vai na Fé’ com Jennifer (Bella Campos) filha da protagonista Sol (Sheron Menezes) em busca do seu pai biológico e essa jornada tem revelado um lado chato da personagem que o público insiste em destacar e reclamar.


‘Travessia’ de Glória Perez não caiu nas graças do público, mas em sua reta final até que tem animado o público pela atuação de Chay Suede. No entanto, a busca de Chiara (Jade Picon) pela sua mãe tem muito em comum com a novela das seis e das sete, se considerarmos o fato de a jovem não é filha de Guerra (Humberto Martins), ou seja, na procura da verdade sobre a mãe, ela ainda vai encontrar o verdadeiro pai Moreti (Rodrigo Lombardi).


A empolgante ‘Todas às Flores’ surpreendeu o público que há tempos não via o autor João Emanuel Carneiro tão inspirado e afiado, mas até a novela exclusiva do streaming também tem recursos que são velhos conhecidos do público: a mocinha Maíra (Sophie Charlotte) com desejo de se vingar da mãe Zoé (Regina Casé), conflito esse que foi o principal em ‘Avenida Brasil’ (2012) também de JEC onde Carminha (Adriana Esteve) e Rita/Nina (Débora Falabella) agitavam as noites do público que comentava tudo sobre na novela com hashtag #OiOiOi.


Em busca das mães às seis e as nove, desejo de justiça também no mesmo horário e no streaming e a procura do pai às sete e um achado de pai que nem se estava procurando as nove, os folhetins tem sido um grande ‘Casos de Família’, o que para uns se torna algo repetitivo, chato e cansativo, mas o diferencial na forma de contar as histórias sempre vai falar mais alto. Rosane Svartman e João Emanuel Carneiro estão se destacando e conquistando o público, justamente por apresentar algo diferente, mesmo em uma trama repetida.


Essa repetição de elementos e tramas sempre aconteceu: Manoel Carlos com oito Helenas, Gilberto Braga sempre com uma alpinista social e um personagem com aversão ao Brasil, Walther Negrão com suas novelas solares, Walcyr como seu “circo”, entre outros autores que sempre apostaram em algo que se tornou característico em suas dramaturgias e por que o público sempre embarcou na nova trama com a velha roupagem? Justamente por algum elemento que agregava um diferencial.


No fundo, sabemos que as histórias continuarão se repetindo, algo que é inevitável. Deste modo, estamos com os conflitos de sempre e a cada dia uma exigência diferente por parte dos noveleiros, além de ter o dilema de que se pede inovação e quando ela está na tela, acaba sendo rejeitada e voltam-se os pedidos pelo já conhecido e confortável. Portanto, tudo se repete, as histórias, os pedidos, os debates, tudo; o que vai se destacar será sempre a maneira como enxergamos e analisamos o que está sendo ofertado.


© Copyright - Natália Rocha.

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