O papel das novelas em minha vida
- Natália Rocha
- 9 de out. de 2023
- 5 min de leitura
Atualizado: 10 de mai.
Por que assistir novelas? Como elas ocuparam esse papel importante tanto no pessoal como no profissional?

Por que você assiste, fala de novela? Essa é uma pergunta que algumas pessoas fazem quando me encontram, outras têm uma reação estranha quando digo que produzo conteúdos sobre esse assunto.
Quando eu escuto isso, penso em vários porquês de as pessoas ficarem me perguntando sobre o tema. As novelas fazem parte da televisão, ou seja, todo mundo pelo menos uma vez, em algum momento da vida já assistiu algum dos inúmeros folhetins exibidos nessas mais de sete décadas.
A prova disso são os personagens icônicos como Alexandre de Odete Roitman ou Maria de Fátima em 'Vale Tudo' (1988), as gêmeas Ruth e Raquel de 'Mulheres de Areia', Alexandre em 'A Viagem' (1994), Nazaré Tedesco lá em 'Senhora do Destino' (2004), a Carminha em 'Avenida Brasil' (2012) e até uma das Helenas eternizadas por Manoel Carlos.
Esses são apenas alguns exemplos, mas inúmeros poderiam ser citados. Todo mundo sempre tem alguma memória ou lembrança com as novelas. Minha mãe, por exemplo, sempre conta que a primeira novela que ela assistiu foi 'Pai Herói' (1979), lá em Sergipe, quando foi visitar a avó dela. Não havia eletricidade nas ruas como hoje, usava-se o candinheiro (item que possui líquido inflamável e um pavio, utilizado para iluminar) e para ver a trama, ela tinha que atravessar a lagoa e ouvir o coaxar dos sapos.
Meu pai dependia do televizinho, ou seja, era convidado para assistir TV na casa de quem tinha e eram tantas pessoas, que ele diz que as crianças ficam até embaixo da mesa. Ele é um apaixonado por televisão, se pudesse teria com certeza um quarto com vários modelos diferentes.
Em nossas conversas sobre novelas, ele sempre menciona o Seu Nonô de 'Amor Com Amor Se Paga' (1984), o tal leitinho espero do Oscar de 'A Gata Comeu' (1985), Sinhozinho Malta de 'Roque Santeiro' (1985), Leleco de 'Avenida Brasil' e tantos outros personagens. E o papai aqui acompanha quase todas as novelas da grade, só não curte 'Fuzuê'.
Minha relação com a teledramaturgia
Quando falo de novela, penso na primeira cena que vi em 'Laços de Família' (2000) com Camila perdendo os cabelos e minha mãe se emociona ao ver. Ainda era pequena, mas lembro.
Depois vieram 'Celebridade' (2003) que eu adorava ver aquilo tudo na TV, achava bonito. No ano seguinte, 'Senhora do Destino' me conquistou na sua primeira exibição, mesmo com 9 anos na época e entendendo pouco a trama, eu amei, tanto que na reprise em 2009 no 'Vale a Pena Ver de Novo' eu não perdia e chegava até atrasada no curso de informática por conta da novela — olha eu entregando a idade.
O tempo passou, sempre acompanhei, mas não com tanta atenção, pois a cada fase da nossa vida, novidades e situações aparecem e às vezes, nos concentramos nelas. Em 2015 fui para faculdade, e na graduação de jornalismo, tinha muita vontade de trabalhar com a parte de esportes.
Em 2018, meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) foi feito e tive como companhia a reprise de 'Vale Tudo' no Canal VIVA. Comentei muito com a #ValeTudo30Anos e a partir dali, fiz amigos no Twitter, alguns que converso até hoje.
No ano seguinte, comecei a me dedicar ao meu primeiro emprego e deixei as novelas de lado, assim assistia, mas não comentava nas redes sociais.
Como as novelas me salvaram
2020 foi o ano que mudou o mundo. Uma pandemia assolou a todos e o medo, tristeza, preocupação e inúmeros sentimentos tomavam conta da nossa rotina. Durante os primeiros meses de pandemia, trabalhei intensamente, todos os dias das semanas e em todos os horários.
O tempo passou e eu trabalhando sem horário certo, parava somente para fazer as coisas básicas. Minha mãe, percebendo isso, se preocupou comigo e disse "menina, a vida é mais do que o trabalho, você precisa descansar". Eis que a reprise de 'A Viagem' no VIVA me salvou.
Nunca tinha assistido a essa novela, sempre ouvia minha mãe falar dela e foi a partir dela que comecei a priorizar o descanso, um tempo para mim em meio ao trabalho. Mais do que uma pausa, prometi a mim mesma, que dessa vez, a partir dali, as novelas não sairiam mais da minha vida.
Voltei ativamente para o Twitter, passei a comentar a novela e fazer novos amigos. O tempo passou e por incentivo dos amigos criei o @nati.natv no Instagram, onde comecei a produzir análises e conteúdos sobre teledramaturgia. Em 2022, surgiu o blog, pois como podem perceber, adoro escrever e fazer boas análises.
Podcast e novas aventuras

Quem me acompanha sabe que estou como coapresentadora no 'Eles Que Lutem' e foi ele o primeiro podcast que participei, quando achei que nem tinha conteúdo suficiente para falar (a síndrome da impostora dando o ar da graça).
Ouvi que o microfone estaria aberto e realmente esteve para outras participações, até estar lá ajudando o host toda semana. Os convites que recebo, sempre vem do Twitter, logo essa rede social que é tão intensa tanto para o bem como para o mal.
Então, por que falar de novela?
Passado tudo isso, vejo que me dedicar a teledramaturgia tem me proporcionado conhecer pessoas incríveis, viver experiências legais, conversar e refletir sobre a nossa sociedade, sobre a vida, sobre tudo.
As novelas são como os filmes, os livros, as séries e outros produtos culturais. Alguém, por acaso, pergunta por que você vê filmes, séries, etc.? Então, por que esse questionamento com um tom meio preconceituoso com a novela?
Os que viram o nariz para teledramaturgia e até dizem 'ainda há quem veja novela', são os mesmo que a consomem nas redes sociais em formato de cortes e comenta na roda com os amigos sobre determinado casal.
Atualmente, há notícias sobre a volta de remakes, principalmente depois de 'Pantanal' (2022) e a ausência de histórias inéditas, autores veteranos e novos, entre outros assuntos. Se existe debate para esses assuntos, como podem dizer que a novela não tem relevância?
Além da Globo, outros streamings estão trabalhando para produzir suas novelas porque perceberam que há público para esse produto, mercado para os profissionais do audiovisual possam criar novas histórias, além do Projac.
Então, quando me perguntam por que eu falo de novela, a resposta é porque gosto, porque é um produto muito rico, interessante e que nos faz pensar sobre nós mesmos e a sociedade, porque é uma parte da cultura, assim como inúmeros elementos. E outra coisa: a autora desse texto não se resume apenas em novela. Quem me conhece sabe!