Transformações no Canal VIVA geram debates sobre a essência e objetivo deste espaço
- Natália Rocha
- 30 de ago. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 10 de mai.
Mudanças dos conteúdos nas redes sociais e escolha de reprises tem incomodado e feito os noveleiros apelidar o canal de "MORRA"

Criado em 18 de maio de 2010, o Canal Viva é mais um dos canais por assinatura do grupo Canais Globo, conhecido pela antiga marca Globosat. O canal tem como premissa, desde sua estreia, dedicar boa parte de sua programação aos programas de televisão, novelas e minisséries exibidos originalmente na TV Globo. Na época, há 13 anos, o objetivo inicial era atingir o público feminino, com mais de 35 anos, de todas as classes sociais.
A grade de programação do canal, na época da inauguração era composta pela reexibição de duas novelas 'Quatro Por Quatro' (1994) e 'Por Amor' (1997), minisséries, programas atuais da TV Globo e do GNT como o 'Mais Você' e 'Diário do Olivier' em horários alternativos, além de "enlatados" dublados.
Durante os 13 anos do Viva, programas humorísticos, de musicais, auditório, minisséries e principalmente as novelas, estas que tinham dois horários de exibição e reprise do capítulo, e atualmente possui sete horários diferentes para veicular tramas de diferentes décadas, algo que gera inúmeras discussões sobre essas mudanças do canal.
O Viva que já teve seu próprio site, atualmente utiliza as redes sociais para divulgação de seus conteúdos e interação com o público. Nos últimos tempos, as redes do canal têm passado por modificações nas postagens que, a primeiro momento, gerou estranhamento no público.
Tais mudanças estão relacionadas a falta de postagens de resumos semanais das novelas exibidas às 14h40 em vídeo no Twitter e de cenas dos capítulos exibidos diariamente.
Essa foi apenas uma das várias mudanças que o público tem percebido. A postagem de conteúdos de novelas que são consideradas "mais recentes" e de cenas marcantes tem gerado um certo incômodo, a ponto de pessoas, nas redes, apelidarem o canal de "MORRA", um antônimo que exemplifica bem a sensação dos mesmos que esperavam que o Viva fosse realmente resgatar preciosidades da televisão e que estão guardadas no acervo da TV Globo.
Mudanças para conquistar um novo público
A postagem de conteúdos relacionados a novelas exibidas nos últimos anos pode ser uma estratégia que visa atrair o público mais jovem, que se interessa em alguns casos por novelas que foram produzidas a partir dos anos 2000 em diante.
Há quem diga que os jovens não assistem televisão e por isso, esta é uma hipótese sem fundamento. Porém, temos que considerar que as formas de consumo mudaram e isso passa pelo Viva que pode ser consumido no streaming através do pacote Globoplay + Canais que oferece além do canal, outros que fazem parte dos canais de TV fechada do Grupo Globo: GNT, MultiShow, SporTV, GloboNews, entre outros.
Estratégia unificada
Há quem reclame dessas mudanças, mas essa é uma tendência que com certeza veio para ficar. Com a campanha "Uma Só Globo", que mostra que a emissora não se resume mais em TV, mas em um portal, serviço de streaming e produtora de conteúdo multiplataformas - ou seja, um conglomerado de mídia que cada vez mais estarão conectadas.
Considerando essa nova política, será cada vez mais difícil ver conteúdos nas redes sociais do VIVA parecidos com os que já foram compartilhados no passado nos perfis de Facebook, Twitter e Instagram, isso é fato.
Essa estratégia faz sentido não só para conquistar o público mais jovem, mas também para as métricas de engajamento, crescimento e até para a parte comercial, um setor muito importante, pensando na questão comercial.
A renovação prejudica a essência?

As reprises de novelas que são consideradas "recentes" no imaginário do público, por exemplo, e vídeos de cenas específicas de alguns folhetins será algo comum, as pessoas gostando ou não.
O tempo está passando e cada vez mais "novos clássicos" serão parte do consumo de teledramaturgia. 'A Vida da Gente' (2011), 'Avenida Brasil' (2012), 'Cheias de Charme' (2012) e outras novelas que são recentes no imaginário, daqui alguns anos serão consideradas clássicas.
As apostas em reprises de novelas que tem 10 anos é uma maneira de fazer testes, de ver como pode ou não ser feita essa renovação que em muitos momentos é exigida pelo público, mas quando esta é realizada, há sempre a rejeição.
O fato do canal não exibir mais novelas dos anos 1970, 1980 ou 1990 de forma constante não significa que a essência, o seu conceito foi perdido. O que importa é reviver momentos da televisão, da dramaturgia que está lá, mas de forma diferente do que foi vendido em 2010, seu ano de nascimento.
Programas de auditório, variedades, humorísticos e outros conteúdos da TV Globo poderiam estar no Viva como pede tanto o público? Sim, mas há uma série de questões burocráticas que as pessoas desconhecem e com certeza devem complicar que esse desejo de consumo se torne realidade.
Atualmente, o canal conta com as reprises de 'A Sucessora' (1978), 'Corpo Dourado' (1998), 'O Sexo dos Anjos' (1989), 'Senhora do Destino' (2004) e 'Escrito nas Estrelas' (2010), além de uma faixa exclusiva para novelas mexicanas e para 'Malhação' que sempre foi exibida ao longo dos anos - e também já chegou à década de 2010, cabe lembrar.
Com novelas de décadas diferentes, o canal aposta na diversidade de público, de gostos e assim todos deveriam ficar satisfeitos, mas sabemos muito bem que o noveleiro é sempre muito exigente, tanto que ainda tem dificuldade de lidar com essa nova fase do Viva.