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Os fãs da novela vão poder matar as saudades do remake de 'Selva de Pedra' (1986)
Remake da novela homônima de Janete Clair exibida em 1972, 'Selva de Pedra' (1986) tem como Fernanda (Christiane Torloni) como a personagem mais marcante na obra atualizada por Regina Braga e Eloy Araújo.
Cristiano Vilhena (Tony Ramos) é um homem ambicioso, disposto a lutar por um lugar melhor na sociedade. Ele vive com os pais – Sebastião (Sebastião Vasconcelos) e Berenice (Yara Lins) na cidade de Duas Barras, no interior do Rio. Um dia, Cristiano se envolve em uma briga com Gastão Neves (Marcelo Ibrahim) e, acidentalmente, o playboy morre vítima de sua própria arma. Desesperado, Cristiano foge para o Rio de Janeiro, acompanhado da escultora Simone (Fernanda Torres), a única testemunha de sua inocência. Os dois se apaixonam e acabam se casando na capital carioca. Lá, Cristiano procura o tio Aristides Vilhena (Walmor Chagas), dono do Estaleiro, e consegue um emprego. Através do tio, Cristiano conhece Fernanda (Christiane Torloni), uma das acionistas do estaleiro, mulher que entra em sua vida, transformando-a drasticamente.
O Nati na TV listou algumas curiosidades desse remake:
Aos 45 do segundo tempo
A Globo demorou um tempo para decidir a respeito da produção da novela substituta de 'Roque Santeiro' (1985), motivo esse que acabou aumentando a quantidade de capítulos. A responsabilidade de manter os bons índices de audiência era grande. Glória Perez apresentou a sinopse de 'Barriga de Aluguel' que foi rejeitada e engavetada. A novela só foi realmente produzida em 1990 para o horário das seis.
Por fim, optaram pelo remake de 'Selva de Pedra', um clássico de Janete Clair, exibido 14 anos antes, em 1972, onde Francisco Cuoco, Regina Duarte e Dina Sfat viveram os protagonistas Cristiano, Simone e Fernanda, respectivamente. Na atualização, foram interpretados por Tony Ramos, Fernanda Torres e Christiane Torloni. Embora não repetisse os altos índices de audiência que a primeira versão, o remake conseguiu manter o ibope esperado para o horário.
Os grandes destaques
Os destaques no elenco foram Christiane Torloni como a vilã Fernanda, prêmio que se deu por conta da repercussão da sua personagem anterior, Jô Penteado em 'A Gata Comeu' (1985) e Miguel Falabella com o personagem Miro, um malandro com direito a bordão "nhé-nhé" que era dito com um gesto com as mãos.
Escolha equivocada da protagonista
Criou-se muita expectativa em torno da escolha da atriz que viveria a protagonista Simone. A princípio cogitou-se Lucélia Santos e muitos já davam seu nome como certo, mas a atriz foi remanejada para o elenco de 'Sinhá Moça' novela de Benedito Ruy Barbosa para o horário das seis. O papel então ficou com Fernanda Torres, que estava em evidência na época pelo seu trabalho no cinema em filmes como 'Com Licença, Eu Vou à luta' (de Lui Farias), 'A Marvada Carne' (de André Klotzel) e 'Eu Sei Que Vou Te Amar' (de Arnaldo Jabor), este último que lhe rendeu o prêmio Palma de Ouro de melhor atriz em Cannes, em maio de 1986, no mesmo ano em que atuava em 'Selva de Pedra'.
No entanto, ao longo da novela ficou evidente que a escolha não foi das mais acertadas. Fernanda era jovem demais para o papel (20 anos na época), quando comparada aos seus principais parceiros em cena, Christiane Torloni e Tony Ramos. A atriz parecia pouco à vontade na pele da sofredora Simone na primeira fase e no final da história. Com o passar do tempo, Fernanda Torres deu várias declarações mostrando o seu desagrado com esse trabalho, que deve ter sido tanto, que a atriz nunca mais fez uma novela inteira.
Mudança de diretores
Ao todo, o remake de 'Selva de Pedra' teve 4 diretores: os vinte primeiros capítulos foram dirigidos por Walter Avancini que foi um dos diretores da primeira versão da novela e foi substituído por Dennis Carvalho. Este por sua vez não chegou até o fim do trabalho, saindo antes para a preparação da substituta 'Roda de Fogo' (1986), deixando a novela a cargo de José Carlos Pieri e Ricardo Waddington.
Abertura
A abertura do remake de 'Selva de Pedra' foi criada pela equipe do designer Hans Donner, e mostrava o surgimento de uma cidade. Os arranha-céus surgiam do chão como plantas e neles eram projetados os rostos do elenco da novela. Para esse projeto, foram desenvolvidas maquetes dos prédios cobertas por espelhos e davam a impressão de modernidade às construções envidraçadas. A canção 'Rock and Roll Lullaby', de B.J. Thomas, música-tema de Simone (Fernanda Torres) e Cristiano (Tony Ramos), ganhou uma versão instrumental especial para abertura da novela.
Figurino e caracterização
Na primeira versão de 'Selva de Pedra', Simone Marques (Regina Duarte) se disfarçava de Rosana Reis usando uma peruca loira. No remake, Fernanda Torres, que foi a protagonista, contou com uma nova caracterização: teve mudanças no penteado e usou lentes de contato azuis, uma novidade na época.
Censura
A Censura Federal proibiu alguns diálogos e cenas da novela. Recomendou-se moderação nas cenas de amor e demandou uma reformulação em partes das cenas em que Fernanda (Christiane Torloni) e Cíntia (Beth Goulart) contracenaram, porque algumas sequências davam o entendimento de ter um relacionamento afetivo entre as personagens, o que provocou reações negativas do público, fazendo com que os autores e a emissora reformular as cenas.
Atores que estiveram na duas versões da novela
Alguns atores participaram das duas versões da novela. A saudosa Suzana Faini, por exemplo, viveu a advogada de Cristiano no remake em 1986 e na primeira versão em 1972 foi Olga, a secretária do estaleiro. O ator Francisco Dantas foi Neves em 1972 o pai de Gastão e na versão de 1986, foi Perez, um antigo empresário de Fanny (Nicette Bruno).
Ações socioeducativas
No remake de 'Selva de Pedra', a hemofilia voltou a ser tema da novela, através do personagem Caio (José Mayer). O tema já havia aparecido na primeira versão, quando foi vivido pelo ator Carlos Eduardo Dolabella. Na época, Janete Clair resolveu explorar o tema para mostrar ao público que um hemofílico é uma pessoa normal e merece aceitação social e respeito. Na versão de 1972, foi a primeira vez na televisão brasileira que falou, na ficção, sobre doença, algo que ajudou a popularizar a Associação dos Hemofílicos.