Primeira fase acelerada, boas atuações e inclusão marcam a estreia de Amor Perfeito
- Natália Rocha
- 27 de mar. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de mai.

A estreia de 'Amor Perfeito', nova novela das seis, deve ter animado alguns e despertado a curiosidade de outros para ver o que a autora Duca Rachid apresentará pela primeira vez escrevendo sem a parceria de Thelma Guedes.
O que se sabia antes de acompanhar o primeiro capítulo nos faz pensar que o folhetim se assemelha em muitas coisas com 'Além da Ilusão' (2022) e outras novelas do horário no pós-pandemia, mas para ver particularidades da novela, só mesmo acompanhando o primeiro capítulo para entender o que há de diferente.
A protagonista Marê (Camila Queiroz) como uma mocinha frente ao seu tempo, que sabe e luta pelo que quer, tanto que ao conhecer Orlando (Diogo Almeida), decide desfazer o noivado com Gaspar (Thiago Lacerda), que tem um caso com Gilda (Mariana Ximenes).
Por falar em Gilda, destaque para Mariana Ximenes que está ótima como vilã, papel este que não interpretava desde 'Passione' (2010). Ela é o que eu chamo de mente de titânio, que pensa muito bem no plano e nas ações para que tudo conspire a seu favor. Enquanto Gaspar é o que sente medo.
Outro destaque foi Olímpia (Analu Prestes) que sempre cuidou de Marê e tem uma linda amizade com ela. Uma pena que a personagem morre já no terceiro capítulo. A irmandade dos freis é um núcleo interessante com todos diferentes entre si, mas com algumas semelhanças.
Novela ou maratona?

Um detalhe que chama atenção em 'Amor Perfeito' é a rapidez, a corrida que foi a primeira semana, mais especificamente a primeira fase deu a sensação ao público de uma maratona.
É natural algumas novelas tenham uma primeira fase mais rápida, como 'Senhora do Destino' (2004) que atualmente está sendo reprisada no Canal VIVA, tem sua primeira fase com a protagonista Maria do Carmo indo para o Rio de Janeiro em busca de oportunidades e ao chegar se depara com a cidade um verdadeiro caos por conta da Ditadura Militar.
Essa abordagem da ditadura é algo pouco lembrado na novela de Aguinaldo Silva, que foi bem ao mostrar esse período, com boas cenas, mas não supera a minissérie 'Anos Rebeldes' (1992) do saudoso Gilberto Braga com um trabalho incrível.
A fase da ditadura na novela de Aguinaldo durou 3 capítulos e depois temos os personagens já na segunda fase dando continuidade a história, sem que o público fique com aquela sensação de que perdeu muita coisa. Tem rapidez, mas na medida certa, diferente do que vem acontecendo em Amor Perfeito que está tão rápida que o público teme o mesmo que aconteceu com sua antecessora 'Mar do Sertão' que gastou cartucho nas duas primeiras semanas acelerando a história da trama principal que depois simplesmente não tinha mais o que mostrar e a novela será lembrada pelos personagens carismáticos e pelas tramas paralelas.
Sabemos o quanto é difícil agradar gregos e troianos, os noveleiros então nem se fala. Se a primeira fase é rápida demais é um problema, se é lenta demais também é um problema pela falta de ações. No entanto, essa primeira fase na velocidade de um cometa pode comprometer o entendimento do público, que precisará de flashbacks para entender detalhes importantes da história.
Ficou claro que a preocupação dos autores é contar uma história de época, mas com as preocupações atuais e inclusão, ou seja, o registro histórico não está sendo levado ao pé da letra, dando espaço a um toque moderno e representatividade tem temperado a história.
A pergunta que fica no ar é: será que haverá fôlego para mais de 100 capítulos sem incomodar um público exigente?