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Foto do escritorNatália Rocha

Modelos ambiciosas, complexadas e com problemas familiares fazem de Sex Appeal um trash

Atualizado: 6 de abr.

Angel. Ao ler esse nome, aposto que o leitor já pensou na personagem de Camila Queiroz em Verdades Secretas.


Nos anos 1990, especificamente em 1993, o público teve a oportunidade de conhecer outra Angel, esta vivida por Luana Piovani, protagonista da minissérie 'Sex Appeal'.


Antônio Calmon explorou o submundo da moda muito antes de Walcyr Carrasco criar 'Verdades Secretas' (2015). A minissérie não é considerada uma grande produção, mas teve um ponto positivo que foi o de lançar jovens atores e atrizes que fizeram carreira na TV nos anos seguintes: Camila Pitanga, Carolina Dieckmann, Danielle Winits, Felipe Folgosi, Luana Piovani, Lui mendes (que assinava como Luiz Cláudio) e Nico Puig.


A trama mostrava um concurso de modelos, focando no universo da moda e publicidade, onde as “cinderelas” estavam em busca de dinheiro e poder.


Atrizes que faziam parte no núcleo da agência de modelos

Antônio Calmon, conhecido por trabalhos vinculados aos jovens e adultos como: o seriado 'Armação Ilimitada' (1985), as novelas 'Top Model' (1989) e 'Vamp' (1991), desta vez em Sex Appeal buscava ampliar discussões importantes com esta parcela do público.


A ideia do autor para a trama era discutir assuntos sobre relacionamento dos jovens, Aids, drogas e sexo, temas estes que não puderam ser abordados com tanta profundidade em seus outros trabalhos. A minissérie sofreu intervenções do Ministério Público que fiscalizava, em parceria com o Juizado de menores, as atrações televisivas para crianças e adolescentes.


Na sinopse original da trama, Angel (Luana Piovani) era violentada sexualmente ainda na infância pelo padrasto Walter (Dennis Carvalho). A mãe, Margarida (Elizabeth Savala), assinava o marido. As duas fugiam da cidade onde viviam, mas o passado volta a bater à porta, quando a moça ganha notoriedade ao ser uma das finalistas do concurso de modelos da agência Sex Appeal – administrada pelo casal Cecília (Cleyde Yáconis) e Edgar (Walmor Chagas).


O MP determinou que algumas sequências consideradas impróprias e transgressoras fossem modificadas, fazendo com que várias cenas fossem regravadas.


A minissérie conta com alguns elementos já conhecidos pelo telespectador da obra de Calmon, mas vamos combinar que faltou o tal Sex Appeal que intitula o trabalho.


Uma cena da abertura da minissérie Sex Appeal (1993)

A direção de Ricardo Waddington e Ary Coslov e direção-geral do próprio Waddington não foi incrível. Muitos cortes bruscos nas cenas, ganchos totalmente aleatórios fazendo o capítulo terminar do nada, além de fotos dos ensaios das modelos sendo utilizadas para transição de cenas. Sinceramente, esses foram pontos negativos da direção.


Veteranos de peso

A dupla de atores que interpretavam os donos da agência Sex Appeal

O elenco de jovens tem uma atuação ok, não enchem os olhos dos telespectadores, mas em compensação, alguns veteranos renderam boas cenas, por exemplo, Vicky (Betty Lago) com sua elegância e charme que deixam saudades.


Cecília é uma personagem exagerada no meu ver, mas confesso que gostei de ver (Cleyde Yáconis) em cena.


Walmor Chagas, Esther Góes, Lília Cabral, Dennis Carvalho, Mário Gomes são outros nomes de veteranos que participaram da minissérie.


Questões delicadas

O cantor Supla em uma participação na minissérie Sex Appeal

Sex Appeal mostrou alguns personagens com vícios. Júlio (Felipe Folgosi) é viciado em drogas e tinha o irmão Tony (Nico Puig) e o amigo da família, o ex-policial Arthur (Mário Gomes) que lutam para ajudar o rapaz a deixar de vez as drogas.


Andréia (Cláudia Rangel) é a candidata mais velha do concurso e vê esta como a última chance de despontar na carreira de modelo. Para conseguir se manter nos “padrões” que o mundo da moda exige, a moça recorre a inibidores de apetite e outras drogas.


Vilma (Camila Pitanga) é uma das concorrentes que sofre preconceito, por conta do seu jeito de falar, complexos com o corpo, além do racismo que Cecília comete na frente da moça, dizendo que ela não é a candidata ideal para o concurso só por conta da sua cor de pele.


King Kong (Lui Mendes) é outro personagem que sofre racismo na trama. Em uma cena na academia de boxe, Dino (Supla) em uma participação especial na minissérie, chama King de macaco e o desafia para uma luta.


Ringue

A trama tinha os seus momentos de glamour com as belíssimas modelos, mas tinha o núcleo dos boys. Era na academia de boxe que Tony passava algumas horas do seu dia treinando para ser um grande lutador e foi no ringue que Angel e Tony se conhecem e após alguns capítulos se tornam um casal, algo que gera desespero em Carla (Bel Kutner) jovem que namorava o galã.


Faltou uma playlist


Além dessa, outras músicas boas que dariam uma excelente playlist são:

  • Eu Tive um Sonho – Kid Abelha;

  • Ladrões de Bagdá – Marina Lima;

  • Do Seu Olhar – Fernanda Abreu;

  • Fios Elétricos – Barão Vermelho;

  • Misteriosamente – João Bosco;

  • De Noite na Cama – Marisa Monte;

  • Trampolim – Paulinho Moska;

  • Break The Ice – Supla.


E aí?

Sex Appeal é uma minissérie que envelheceu mal, tanto que é considerada trash pelo público. Não é a melhor das minisséries que já assisti, mas resolvi assistir pelo fato de nunca ter visto a produção e para tirar as minhas próprias conclusões a respeito.


Muitos dizem que uma determinada novela ou minissérie é ruim, é “flop”, entre outros nomes. Tem a análise da crítica especializada que diz se uma produção é boa ou não considerando audiência da época, elenco e diversos elementos.


É como eu sempre digo e penso: temos que assistir para tirar nossas próprias conclusões. Acredito que ao ver o produto audiovisual e eleger o que é legal ou não a discussão sobre este fica mais enriquecedora.


Sex Appeal não é a melhor nem a pior minissérie que já vi. Foram 20 capítulos em que percebemos que não é um primor da teledramaturgia, mas é ok em até certo ponto. O desfecho é ruim, dando a sensação de que foi tudo feito às pressas. A falta de ganchos que prendem o público pode ser algo que faça a pessoa largar a produção logo nos primeiros capítulos, porém, para os curiosos, acho que é possível chegar ao 20º e último capítulo.


Ao escrever esse texto fiquei pensando: será que Walcyr Carrasco se inspirou em Sex Appeal para criar a sua Verdades Secretas? São duas Angels e abordagens ao mundo da moda bem diferentes.









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